Portugal tem 350 mil casas à venda e tendência é para subir
Eduardo Melo e Elisabete Soares25 Julho- Diário Económico
A crise, a queda da confiança dos consumidores e o aperto no acesso ao crédito criaram excesso de oferta residencial em Portugal.
Portugal tem cerca de 350 mil casas à venda e a tendência é para o seu crescimento a prazo. Este número é uma das faces da crise do ‘subprime' a partir de 2007, que teve o epicentro nos EUA e que se alastrou ao mercado imobiliário português nos anos seguintes. "A dificuldade do acesso ao crédito colocou pressão do lado da oferta, ou seja, ao haver menos pessoas com financiamento o número de compradores baixou, tendo criado uma situação em que a oferta é superior à procura. Neste momento, existem cerca de 350 mil casas à venda em Portugal e este número não irá diminuir facilmente, tendo em conta a escassez de liquidez dos bancos e a quantidade de pessoas que está actualmente a entregar as suas casas aos bancos por incumprimento no pagamento das suas obrigações", comenta Miguel Poisson, director-geral da mediadora ERA, ao Diário Económico.
O fecho da torneira do crédito hipotecário e a queda abrupta da confiança dos consumidores são mais duas faces visíveis do impacto do ‘subprime' [crédito hipotecário de alto risco]. A mediadora constata um crescente acesso aos seus serviços pela banca para a resolução de problemas decorrentes do crédito malparado. "Temos sido contactados por praticamente todos os bancos, que nos solicitam ajuda no sentido de colocarmos no mercado os seus imóveis através das nossas 200 agências. Criámos inclusivamente no nosso portal www.era.pt uma secção denominada ‘Grandes Oportunidades', onde poderão ser encontrados imóveis que fazem jus a esta designação e que têm financiamento até 100%", sublinha ainda Miguel Poisson. A breve prazo, a mediadora espera divulgar "mais algumas centenas de imóveis", adianta o responsável da ERA.
Na opinião de João Costa Reis, director da DomusVenda, "os efeitos do ‘subprime' no mercado imobiliário estenderam-se a outras áreas, por arrastamento. Um dos efeitos mais directos foi a súbita procura do arrendamento e a subida dos valores das rendas, mas também podemos falar do aumento das vendas judiciais e da insolvência de muitas empresas de construção e imobiliárias", acrescenta.
Malparado subiu 64% em quatro anos
O crédito malparado subiu 64% entre Julho de 2007 e Maio deste ano, o que equivale a um aumento de 778 milhões de euros - passou de 1.216 milhões em Julho de 2007, para 1.994 milhões em Maio passado, revelam as estatísticas do Banco de Portugal. Parte destes processos de incumprimento das famílias traduzem-se em milhares de residências que vão parar às mãos dos bancos e das quais se tentam desfazer através de mediadoras ou de leilões.
Criada em 2004, a leiloeira de imóveis Euro Estates aponta 2008 como o ano em que a sua actividade mais do que duplicou. "Em 2007, negociávamos 400 a 500 imóveis por ano, sobretudo habitação, e no ano seguinte os números subiram para mil a 1.200", avalia Pedro Girão, administrador da Euro Estates. Hoje, quase todos os bancos têm apartamentos para venda em leilões. "CGD, BES e Totta" dominam uma lista formada ainda por BPI, BCP e Banif. O segundo semestre deste ano até "será mais carregado de leilões (18), contra cinco na primeira metade do ano", diz Pedro Girão. Para o gestor, o aumento dos leilões, realizados normalmente nos fins-de-semana em Lisboa e no Porto, apenas têm a ver com a agenda. "Não se trata de um aumento anormal de imóveis para venda", confirma.
Os imóveis que chegam a estes leilões resultam de um período nunca inferior de dois anos de resolução dos dossiers. Quando começaram (2004), Pedro Girão recorda-se da desconfiança que imperava em relação aos leilões. Hoje, esse estigma desapareceu e o processo profissionalizou-se e generalizou-se. "Tínhamos muita gente a ver e poucos a comprar. Agora é o inverso", diz. Apesar de haver quebras de vendas como a habitação de gama média, há outras em que continuam a realizar-se negócios. Segundo Pedro Rutkowski, director da Worx, "são os casos dos investimentos das ‘family offices', que continuam a realizar bons negócios, especialmente na aquisição de edifícios de escritórios bem localizados. Isto acontece porque os preços estão em queda", explica. "São os negócios de oportunidade".
O fecho da torneira do crédito hipotecário e a queda abrupta da confiança dos consumidores são mais duas faces visíveis do impacto do ‘subprime' [crédito hipotecário de alto risco]. A mediadora constata um crescente acesso aos seus serviços pela banca para a resolução de problemas decorrentes do crédito malparado. "Temos sido contactados por praticamente todos os bancos, que nos solicitam ajuda no sentido de colocarmos no mercado os seus imóveis através das nossas 200 agências. Criámos inclusivamente no nosso portal www.era.pt uma secção denominada ‘Grandes Oportunidades', onde poderão ser encontrados imóveis que fazem jus a esta designação e que têm financiamento até 100%", sublinha ainda Miguel Poisson. A breve prazo, a mediadora espera divulgar "mais algumas centenas de imóveis", adianta o responsável da ERA.
Na opinião de João Costa Reis, director da DomusVenda, "os efeitos do ‘subprime' no mercado imobiliário estenderam-se a outras áreas, por arrastamento. Um dos efeitos mais directos foi a súbita procura do arrendamento e a subida dos valores das rendas, mas também podemos falar do aumento das vendas judiciais e da insolvência de muitas empresas de construção e imobiliárias", acrescenta.
Malparado subiu 64% em quatro anos
O crédito malparado subiu 64% entre Julho de 2007 e Maio deste ano, o que equivale a um aumento de 778 milhões de euros - passou de 1.216 milhões em Julho de 2007, para 1.994 milhões em Maio passado, revelam as estatísticas do Banco de Portugal. Parte destes processos de incumprimento das famílias traduzem-se em milhares de residências que vão parar às mãos dos bancos e das quais se tentam desfazer através de mediadoras ou de leilões.
Criada em 2004, a leiloeira de imóveis Euro Estates aponta 2008 como o ano em que a sua actividade mais do que duplicou. "Em 2007, negociávamos 400 a 500 imóveis por ano, sobretudo habitação, e no ano seguinte os números subiram para mil a 1.200", avalia Pedro Girão, administrador da Euro Estates. Hoje, quase todos os bancos têm apartamentos para venda em leilões. "CGD, BES e Totta" dominam uma lista formada ainda por BPI, BCP e Banif. O segundo semestre deste ano até "será mais carregado de leilões (18), contra cinco na primeira metade do ano", diz Pedro Girão. Para o gestor, o aumento dos leilões, realizados normalmente nos fins-de-semana em Lisboa e no Porto, apenas têm a ver com a agenda. "Não se trata de um aumento anormal de imóveis para venda", confirma.
Os imóveis que chegam a estes leilões resultam de um período nunca inferior de dois anos de resolução dos dossiers. Quando começaram (2004), Pedro Girão recorda-se da desconfiança que imperava em relação aos leilões. Hoje, esse estigma desapareceu e o processo profissionalizou-se e generalizou-se. "Tínhamos muita gente a ver e poucos a comprar. Agora é o inverso", diz. Apesar de haver quebras de vendas como a habitação de gama média, há outras em que continuam a realizar-se negócios. Segundo Pedro Rutkowski, director da Worx, "são os casos dos investimentos das ‘family offices', que continuam a realizar bons negócios, especialmente na aquisição de edifícios de escritórios bem localizados. Isto acontece porque os preços estão em queda", explica. "São os negócios de oportunidade".
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