Cascais (Portugal), 5 feb (EFE). As juventudes socialistas fizeram hoje uma crítica aos líderes da Internacional Socialista (IS) e censuraram os seus carros de luxo, reuniões em hotéis de cinco estrelas e questionaram a sua atuação para com problemas de calibre mundial.
A espanhola Beatriz Telagón, secretária geral da União Internacional da Juventude Socialista, deixou boquiabertos os presentes, com a sua repreensão para com os assistentes do Conselho da IS, que termina hoje num luxuoso hotel em Cascais, a 25 quilómetros de Lisboa, com uma centena de partidos de todo o mundo.
Talegón criticou fortemente o luxo exibido nas reuniões da Internacional Socialista. EFE/Arquivo
Talegón criticou fortemente o luxo exibido nas reuniões da Internacional Socialista. EFE/Arquivo
Num improvisado discurso perante os dirigentes da organização, liderada pelo ex-primeiro ministro grego, Yorgos Papandreu, Telegón afirmou: “Exigimos uma vez por todas que a Internacional Socialista tenha significado, não façam com que os jovens se envergonhem”.
A dirigente das juventudes socialistas espanholas também pediu que as contas da Internacional Socialista não sejam “um mistério, como as pirâmides” defendeu fazer uma escola de novos políticos para o futuro e censurou que reuniões como esta se celebrem em “hotéis de cinco estrelas” e que os delegados se desliguem “dos seus carros de luxo”.
“No entanto não nos querem ouvir, não estamos a trabalhar tipo 'staff' como os jovens de Portugal fazem nesta reunião”, queixou-se Talegón, ao denunciar que os dirigentes da IS querem militares jovens para “aplaudir e preencher os espaços com caras bonitas”.
“Estamos aqui comprometidos com vocês, os mal denominados lideres, pois são vocês os responsáveis pelo que se está a passar (…) Estamos a pagar as consequências da vossa falta de ação e da vossa ação” proclamou.
“Não temos nenhum tipo de apoio por parte da Internacional Socialista, não se preocupam com tudo”, assegurou Talegón, depois de criticar quem acode à conferência como “estrelas mediáticas” e falam dos seus países sem oferecer soluções para com os outros, como a organização já o fez.
No Uganda há jovens socialistas encarcerados, recordou, e alguém na conferência podia oferecer bons advogados para tirá-los da prisão”.
Apesar de algumas caras de desaprovação de alguns assistentes, Talegón recebeu uma forte ovação quando terminou a sua intervenção, dentro das centenas de discursos dos assistentes do Conselho, numa das reuniões anuais da IS.
O presidente da organização respondeu com uma breve defesa dos seus dirigentes: “não somos o FMI (Fundo Monetário Internacional) ou o Banco Mundial”, stressou Papandreu, e acrescentou : “Nós o que estamos aqui a lutar neste hotel de cinco estrelas, também lutamos nas ruas, nos sindicatos dos nossos países”.
“Trataremos de trabalhar juntos”, assegurou diplomaticamente o ex primeiro ministro grego, que se comprometeu a apoiar os esforços e a luta das juventudes socialistas “em qualquer proposta concreta”.